quarta-feira, agosto 29, 2007

vou narrar três situações especiais que me aconteceram nessa manhã do dia 29.08 na ufpe.

primeiro o fato que me levou a ir à ufpe hj pela manhã, a defesa de dissertação de mestrado de jarbinhas, um trabalho sobre instrumentação digital para performance audiovisual em tempo real. um trabalho muito completo e que observa questões interessantíssimas dentro da minha área de interesse em computação e que ao fim tem me deixado em pensamento constante sobre o assunto, e que nesse momento me orienta a pensar sobre a importância da interface com o usuário como elemento da própria função do combo de informação. num instrumento musical, por exemplo, a interface de cada componente faz parte da função dele. começo a acreditar que a parte de código de um componente não é o suficiente para descrevê-lo, e que a atividade em tempo real, as coisas acontecendo fluidamente, sem separação de edição e execução, tempo real, on the fly, potencializa esse foco de observação e pesquisa: a descrição visual, direta de um componente, olhar pra ele poder saber pra que ele serve sem muito aperreio, tipo pegar um amplificador de som sem saber de nada e conseguir ligar o input de som, as caixas de som e fazer o som funcionar, só pelos encaixes que as interfaces indicam. ;)

o conceito caixa aberta de jarbinhas me conectou fortemente com isso, quem tiver oportunidade de conferir, confiram! e quem não tiver oportunidade e não tiver entendendo nada, uma visualização que me clarificou isso é a logo do projeto estúdio coca cola. o bom é que o contexto de agora me favorece a fazer um agrado a minha colega de classe de TAI 2007-1 Lu Lobato . quem visitar o site vai ver que a dupla desse mês no projeto é nação zumbi e skank, e a mistura eles chamaram de maracatu mineiro. =)

essa imagem mostra um instrumento musical composto de vários combos de outros instrumentos de conhecimento geral, com suas interfaces reconhecíveis. pode-se ver um tecladinho no lugar do braço, um pandeiro no centro, algumas cornetas, uma flauta.. um instrumento montado, suas função são conhecidas por nós, mas a visualização das interfaces, o instrumento montado visualmente em seus pedaços, a interface visual de cada um dos pedaços, é muito intuitivo. alex conhece um pouco o trabalho de jarbinhas e pode entender melhor.


bom. essa era a primeira coisa que eu queria falar.
a segunda foi que ao sair da defesa, fui pegar o ônibus ali na parada do cfsh, como sempre faço. passo por ali, vejo alguns amigos, converso e vou embora, pra mim é importante. e aconteceu de hj conversar com um concluinte de psicologia. já o conhecia mas nunca tinha parado p conversar com ele. começamos a conversar pq ontem o tinha visto barbado saindo da universidade de bicicleta, e ele falou que atende na universidade como estágio obrigatório, e que precisa se apresentar ao usuário de forma que ele se sinta o mais à vontade o possível, e que mais do que um problema de preconceitos e formalismos, é uma questão de método: ao se apresentar ao usuário, ele pretende ser imparcial, e qualquer motivo que direcione a uma quebra de neutralidade na relação entre os dois deve ser evitado.
Continuamos a conversar e passei a falar sobre minhas experiências com psicoterapia e q bases eu tenho pra falar sobre isso. freud >> jung >> grof. faço psicoterapia transpessoal, já fiz psicanálise freudiana, e pra mim são muito claras as diferenças. e aconteceu a magia.
Ele me falou sobre as abordagens d psicoterapia, e dentre elas, a que me pareceu bem aplicável entre nós e é de certa forma o motivo de nossa disciplina. A PSICOTERAPIA CENTRADA NA PESSOA, proposta em 1961 por Carl Rogers (achei esse artigo: Terapia Centrada na Pessoa - O Estado da Arte). muito interessante. é exatamente a prática de conhecimento da pessoa em sua realidade. um dos preceitos da abordagem centrada na pessoa é o da aceitação incondicional. o psicoterapeuta busca conhecer a pessoa em suas próprias verdades, e não convém qualquer julgamento sobre ela. deixe ela falar tudo o que pensa, ela quer ser entendida, não pretende ser ensinada, o aprendizado vem com o encontro com suas próprias verdades com a ajuda do psicoterapeuta.
A questão da neutralidade na direção da pesquisa. foca-se no usuário, o que ele tem a dizer sobre suas verdades, e um direcionamento que podemos dar à partir disso. o princípio da aceitação incondicional nos leva a não propor qualquer coisa antes de avaliar as verdades do usuário. achei bastante forte e resolvi compartilhar.
A segunda magia me aconteceu quando durante essa conversa me chega uma estudante de pedagogia querendo entrevistas para sua pesquisa em iniciação científica. ficamos naquela, todos conversando, aquela interação toda, e ela querendo retirar-nos, um a um, para uma entrevista com ela, sobre a qual ela não quis dar muitas informações a priori (o método novamente!!!). a contragosto, fomos um a um nos encaminhando a esta entrevista com ela num baquinho à parte ali no cac, e todo um mistério, qd chegava um, não comentava sobre a entrevista, e nós indo de um a um. fui o terceiro a ir, interrompendo não sem antes finalizar satisfeito a conversa sobre as abordagens psicoterápicas.
A entrevista era sobre a visão dos estudantes universitários sobre a cota para negros. observa-se a de início abordagem qualitativa.
Quando a entrevista foi se encaminhando, fiquei muuuito feliz de estar participando de uma estória tão bem feita. a menina muito concentrada, perguntando
primeiramente sobre o que eu entendo por raça.
segundamente sobre se este tipo de classificação pode ser aplicada à espécie humana.
terceiramente sobre o que eu entendo pelas classificações de raças que muitos fazem por aí: negro, branco, índio, amarelo, pardo, mulato, moreno, etc.
quartamente sobre o que eu acho da afirmação de que o nordeste brasileiro conta com uma forte presença dessa questão racial.
quintamente sobre se eu acho que se pode dizer que, se uma pessoa tem avós negros, ela é negra.
sextamente sobre o que acho sobre a afirmação de que os negros estão inferiorizados socialmente.
e setimamente, o que eu considero sobre as cotas pra negros na universidade.
Fiquei super impressionado com a evolução da entrevista e a que caminhos de considerações ela me levou. com a liberdade em que a entrevistadora me colocou, imparcialidade muito bem aplicada. muito bom.
não interessa aqui o que eu penso sobre a cota para negros na universidade, mas que me levou a esclarecer muuuito do que eu penso, direcionando sobre raça, humanos, localidade, ancestralidade..
Bom. era isso que tinha a colocar sobre o design de interfaces, sobre a pesquisa qualitativa e o encaminhamento da entrevista qualitativa. espero que leiam e seja de grande valia.
Pedro Luna.

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