quarta-feira, agosto 16, 2006

Entrevista de Grupo e Discussão em Grupo

Guilherme Oikawa

Introdução

Pertencentes a mesma família de técnicas, entrevistas e discussões em grupo possuem tênues diferenças. Enquanto alguns pesquisadores consideram entrevistas e discussões o mesmo método, outros insistem em mantê-los disjuntos.
De acordo com Krüger, as discussões em grupos são feitas de forma desestruturada, com questões abertas. As entrevistas em grupos são aquelas entrevistas realizadas com mais de uma pessoa de uma só vez. Já os grupos de foco são considerados entrevistas ou discussões em grupo sobre um tópico em particular.
Todavia não se nota a diferença na definição delas em vários artigos e livros. Tratam as palavras como sinônimas e confundem a cabeça do leitor. Veja mais sobre essa indefinição nesses links: 1 2 3.

Vantagens e desvantagens
Apesar de sofrerem muitas críticas, as entrevistas e discussões em grupo são freqüentemente praticadas nas pesquisas de mercado e na área de teoria política. Por outro lado, no meio acadêmico predomina a entrevista individual em profundidade. Isso pode ser explicado pela menor quantidade de entrevistas necessárias numa entrevista de grupo, em comparação a entrevistar uma pessoa por vez.
Através da reunião de um reduzido número de pessoas liderado por um ou mais moderadores, a metodologia estimula a conversação e geração de reações emocionais, em muito pouco tempo.
Não se recomenda a utilização de métodos assuntos sensíveis ou ambientes conturbados; em questões que exijam sigilo e quando houver necessidade de recursos quantitativos.

Participantes

Nessas técnicas dois tipos de atores tomam parte: o facilitador e o grupo. O primeiro é quem comanda a inquirição. A ele é dado o papel de moderador, evitando que a discussão entre em áreas irrelevantes. Deve conhecer o assunto, respeitar as opiniões alheias, saber ouvir os outros e incentivar a todos a participarem da discussão. O facilitador deverá “respeitar o participante, não criticá-lo, ouvir e não ensinar”, observar as expressões corporais do grupo, em busca de sinais de entendimento, dúvida, concordância e discordância.
É preferível que os membros sejam de um grupo homogêneo, para deixar os participantes mais à vontade, porém sem excluir o contraste de idéias.
O número de entrevistados gira em torno de 5 a 10 pessoas. Não é aconselhável convidar mais de 10 pessoas para a discussão, pois o grupo fica disperso, começam a surgir os sussurros - pessoas comentando com os vizinhos - já que nem todos podem participar.

Condução
Evite questões de respostas simples, como “sim”, “não”, “claro”, “correto”, “errado”... Se possível, as perguntas devem ser simples, neutras e do lado positivo da questão (diferentemente da questão elaborada para o plebiscito do desarmamento).
Fig. 1 Para gerar comentários, o moderador pode convidar os membros a contar suas experiências, pensamentos e idéias. Sugere-se também que se abra a discussão com perguntas generalizadas, principalmente a pessoas que se mostrem mais confortáveis a falar.

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Processo
(1) O moderador se apresenta e pede que os participantes façam o mesmo. (2) Começa com uma explicação sobre toda técnica de discussão e o que se espera dos participantes. (3) O facilitador tenta tirar a pressão dizendo que não espera resposta que seja boa ou má, mas apenas quer saber a opinião de todos sobre determinado tópico. (4) É apresentado um estímulo para a discussão. Pode ser em multimídia. (5) A discussão é concluída quando o moderador perceber que o tema já foi demasiadamente explorado e nada de novo irá surgir.

Análise
A análise é um processo demorado, podendo durar meses. Os dados coletado são dados brutos, precisando ser lapidados através dos seguintes passos: (1) Após a reunião reveja o que foi anotado, marque os pontos principais e procure as novas descobertas surgidas. (2) Verifique o contexto e a consistência das idéias, o padrão de repetição e os pontos de bloqueio. (3) Reveja as gravações de áudio e vídeo e anote os principais pontos da discussão. (4) Procure também filtrar as opiniões individuais das opiniões do grupo.
Para a análise de dados existem duas formas: sumário etnográfico ou codificação de dados através de analise de conteúdo. Neste a ênfase é na questão numérica das descrições, enquanto naquele observa-se as citações dos participantes.
Os resultados gerados não podem ser considerados projecionais, devido ao espaço amostral, e sim exploratórios. Os relatórios obtidos podem conter citações, gravuras, resumos e tabelas baseados nesses resultados.

Considerações finais
Os métodos de entrevistas e discussões em grupo mostraram-nos como termos uma visão holística do pensamento humano. Não obstante seus limites éticos, o coletivismo dessas técnicas tem por fim revelar normas coletivas que individualmente dificilmente conseguiríamos.
Para tal fim, o facilitador deve obedecer alguns padrões de conduta e estar preparado para a discussão. Devemos também citar outros fatores que influenciam o debate, como o número de participantes, o perfil de cada um e o local de discussão.

1 Comments:

At 9:54 AM, Blogger Alex Sandro said...

Ola Guilherme, teu artigo é muito completo e bem redigido. Parabéns. Com certeza ele será de grande valia para a comunidade.
Alex

 

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